Projeto Social reduz exclusão socioeconômica da população LGBTQIA+

ONG forma 50 empreendedores gays, lésbicas, bissexuais, trans e travestis para o competitivo e pouco inclusivo mundo dos negócios



Mais de 40% das pessoas LGBTQIA+ no Brasil afirmam já ter sofrido discriminação no trabalho, segundo pesquisa do LinkedIn em 2022. Outro levantamento, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), revela que 90% da população trans que está envolvida com a prostituição, seguiram esse caminho por não encontrar outras alternativas de emprego.

Estatísticas não faltam para justificar a importância do trabalho da consultoria Diversità, que, em parceria com o Instituto +Diversidade, a Casa Neon Cunha e a OIT (Organização Internacional do Trabalho), oferecem um programa para garantir autonomia financeira a esta população.

Só no mês de junho, 50 empreendedores LGBTQIA+ se formaram em um curso online que visa dar apoio na estruturação dos negócios desta comunidade. A Diversità não só ministra cursos na modalidade online como também realiza aulas sobre Estratégias e Planejamento de Negócios, Marketing, Precificação e Controle Financeiro. Além disso, contribui com o ensino de habilidades empreendedoras e estratégias de resistência trans com professores(as) experientes e monitorias individuais.

O curso teve prioridade para pessoas trans e utilizou a metodologia de ensino da Micro Rainbow Brasil,
ONG pioneira nesta área, que já capacitou, desde 2015, cerca de 400 empreendedores LGBTQIA+ de todo o país. Mais de 250 conseguiram abrir ou expandir seus pequenos negócios em diversos setores.

Especialista em Direitos Humanos e diretor-executivo da Diversità, Lucas Paoli, acredita que o problema da empregabilidade não é exclusivo desta comunidade, mas se intensifica devido ao estigma e ao preconceito sofridos. “Tal contexto acaba limitando as oportunidades de trabalho e contribuindo
para a baixa-autoestima, além das dificuldades para obter meios de subsistência. Além de empreendedores LGBTQIA+, também oferecemos consultoria para empresas que queiram ser mais inclusivas e primar pela diversidade”, complementou Lucas.

Lucas Paoli, da Diversità

Alunes – Um dos empreendedores, Bruni Fernandes, de Minas Gerais, procurou o curso como ferramenta para guiar e amparar o processo de melhor organização e articulação do seu negócio.

“Sendo uma pessoa trans e profissional autônoma, minha participação no curso foi e ainda está sendo
transformadora. Consigo projetar, sonhar e ver que há caminhos para ir alcançando tudo que quero e espero do meu negócio”, relatou ele, que tomou conhecimento da chamada para inscrições da primeira turma do curso por meio de ex-alunos da Micro Rainbow Brasil.

Mauro Apollo, de Fortaleza, tem uma loja destinada a homens trans e não-binários e conheceu a Diversità
através do Instagram. “Também sou empreendedor. Tenho uma loja que atua no mercado há seis anos. Assim que conheci a consultoria, tive interesse pelo curso”, contou.

Já Itacira Silva, confeiteira, não binário trans feminina, possui uma confeitaria artístico-criativa (@lobomaudoceteria) em Recife e também decidiu fazer o curso para empreendedores LGBTQIA+. “Comecei a empreender em 2020 e, hoje, ofereço bolos decorados vintage. Eu me tornei uma das maiores fornecedoras da minha região. O curso chegou em um momento em que estava precisando muito. Ao entrar na turma da Diversità, pude aprender ainda mais tendo contato com semelhantes e me desenvolvendo até como pessoa. Não conhecia trans que estivessem no mesmo caminho que eu”,
declarou.

A turma de junho contou com participantes das áreas de gastronomia, confeitaria, música, produção cultural, artes plásticas, empreendedorismo social e literatura, dentre outros. Como parte da programação, os alunes fizeram um pitch de negócios (apresentaram os modelos elaborados no curso) para uma banca composta pela equipe da Diversità e por professores e os 15 com a melhor avaliação receberam um “capital semente” e três meses de mentoria.

A iniciativa faz parte do Projeto Pride, liderado pela OIT, que busca contribuir para o aumento da participação de pessoas LGBTQIA+ na economia formal e no mercado de trabalho.

(Agência Pauta Social, com informações da Diversità)

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