Dar voz a meninos de 13 a 17 anos, para mapear o que eles pensam ou quais são suas aflições enquanto jovens homens, tratando de assuntos como a violência, saúde mental, sonhos e potencialidades. Esse é o principal objetivo do Projeto Meninos, criado pelo Instituto PDH (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento e Florescimento Humano), em 2022. 

Na ocasião, o Instituto entendeu que já era hora de ouvir as necessidades desses garotos, com a criação de espaços para uma escuta de maneira respeitosa e profunda. “A partir dessa escuta, queremos entender como ajudá-los a crescer de maneira mais saudável em todos os aspectos”, completa Zé Ricardo, jornalista e responsável pela comunicação institucional do Instituto PDH. 

Pautado em três pilares, o projeto hoje está pronto para finalizar sua segunda entrega. A primeira, iniciada há dois anos, foi a realização de uma pesquisa qualitativa e quantitativa, que servirá de base para a próxima etapa, com a produção de um documentário. 

Para a  pesquisa, conduzida pela Talk em 2023, foram selecionados diferentes perfis de pessoas que se relacionam direta ou indiretamente com esses adolescentes, como familiares, psicólogos, professores etc. O Instituto ouviu especialistas do Brasil, México, Argentina, Estados Unidos e Austrália em busca de teses acadêmicas, estudos comportamentais e demais conteúdos produzidos para meninos e com os meninos. 

Na vez de escolherem os garotos para as entrevistas, foram estabelecidos os critérios: de 13 a 17 anos, todas as raças e regiões do Brasil, do México e da Argentina, sendo eles de periferia ou dos bairros centrais, das zonas rural ou urbana, com ou sem deficiências.

Reunido e analisado, esse  valioso conjunto de dados apurados agora está sendo usado no roteiro de um documentário com o título “Meninos: Sonhando os homens do futuro”. Zé Ricardo explica que, além de trechos das entrevistas realizadas, o filme mostrará vivências de 10 a 12 meninos ao longo de uma expedição pela natureza. “Vamos levá-los a um lugar com muito verde, mantê-los longe de todo tipo de conexão com internet, a fim de provocar uma experiência imersiva”, diz. 

Segundo ele, a ideia é permitir aos meninos um espaço de concentração, onde eles se sintam seguros para se observarem, sem distrações. “Se a gente conversa com eles na escola, acabam se apegando a reações que estão acostumados. Mas se colocamos a natureza como a única conexão consigo mesmos, isso possibilita um contato real com os temas da conversa”, explica. 

O documentário deve ter aproximadamente uma hora e meia, mostrando as falas dos meninos escolhidos para a aventura na natureza, e suas percepções depois que embarcaram para dentro de si mesmos. “Eles serão os protagonistas”, ressalta Zé Ricardo. 

O filme deverá ser exibido em espaços públicos e privados, a pedido dos interessados, desde que a intenção da mostra esteja alinhada à transformação dos meninos que assistirem ao documentário. Esse, portanto, é o terceiro pilar do Projeto Meninos: provocar o debate sobre as relações dos adolescentes com a sociedade atual, sobretudo onde esse diálogo é raro e esses meninos não têm oportunidade de ser ouvidos.

“Não queremos exibir o documentário para pais e filhos de famílias de classe média ou progressistas que, mal ou bem, já travam discussões sobre a masculinidade nessa faixa etária. Queremos furar essa bolha, chegar onde esse entendimento não acontece facilmente no dia a dia.”

Feita a exibição, o Instituto também pensa em criar uma ferramenta de formação de meninos, ou seja, um programa de acolhimento, denominado Programa Meninos do Futuro.

Para esse projeto, o IPH tem como principais parceiros a Natura, que viabiliza sua produção, além do Pacto Global da ONU no Brasil, ChildHood Brasil, Cipó – Comunicação Interativa entre outros.

Sobre o PDH – O Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento e Florescimento Humano, há 17 anos, trabalha no processo de pesquisa e investigação para pensar e pautar a transformação dos homens, com foco na equidade instersseccional e saúde mental. O trabalho é desenvolvido por meio de pesquisas, documentários, como Silêncio dos Homens e Precisamos Falar com Homens, e rodas de conversa. Um dos braços do instituto é o Papo de Homem, site que veicula o que é produzido pelo Instituto PDH.

(Agência Pauta Social)