Plataforma mapeia artistas e educadores que trabalham com viés decolonial

Rede Veredas é realizada pelo Nonada Jornalismo e já reúne mais de sessenta interessados no tema

O Nonada Jornalismo acaba de lançar a plataforma da Rede Veredas que reúne artistas e educadores interessados em uma perspectiva centrada no sul global, com interseccionalidade em questões de gênero, raciais, geográficas e demais questões sociais e identitárias. A iniciativa conta com uma navegação via geolocalização a partir de um mapa digital, no qual é possível conhecer os diferentes artistas e educadores cadastrados, juntamente com informações sobre seus trabalhos e como contatá-los. 

Com isso, a Rede Veredas deseja ser um espaço para divulgar os trabalhos desses artistas e educadores, além de um repositório de artigos e reportagens  sobre o tema, funcionando também como um espaço de pesquisa. Além do mapa, os profissionais inscritos na rede também participam de um grupo exclusivo no WhatsApp. O objetivo é consolidar uma comunidade de estudos e formação, trocando referências, experiências, saberes e aprendizagens para aprofundar a aplicação do conceito de decolonialidade nas diferentes áreas de atuação.

A Rede Veredas conta com artistas de diversas regiões do país, como Melissa Xakriabá, artista indígena do Rio de Janeiro que trabalha como bonequeira, contadora de histórias, entre outras atividades. “Como indígena, trabalho usando práticas de ensino em roda, troca de saberes, pesquisando e divulgando as histórias do nosso país através do olhar e das experiências dos povos originários”, diz. Para ela, a decolonialidade significa “dar o protagonismo, lugares de voz e de escuta para povos e grupos sociais que historicamente sofreram a violência do silenciamento e apagamento de suas tradições”.

Outra integrante da Rede é Kai Isaias, arte educadora residente em Porto Alegre (RS). Segundo a profissional, “pensar outras formas de cosmológicas, outras formas de navegar o mundo é essencial quando pensamos em possibilidades de fora da visão eurocentrada que exclui a todos que não se enquadram o no padrão masculino, branco, cisheteronormativo, cosmopolita que se impõe no sistema da arte no Brasil e no mundo”.

As inscrições para ingressar no mapa e também no grupo de Whatsapp continuam sempre abertas e podem ser realizadas acessando o formulário no site

Entenda o que é decolonialidade

Segundo o professor José Carlos Gomes dos Anjos, do departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a decolonialidade “é um conceito que deriva de uma persistente luta política e epistêmica dos movimentos sociais indígenas e do movimento negro – com muita participação do movimento das mulheres negras no processo de articulação das dimensões entre racismo e patriarcalismo”. 

Já a descolonização, teorizada por pensadores e teóricos africanos, como Patrice Lumumba e Aimé Césaire, Amilcar Cabral e o Frantz Fanon, refere-se à formação de nações pós-colonização europeia e a “um movimento de substituição das autoridades políticas europeias por autoridades políticas dos territórios outrora colonizados”.

Há ainda o conceito de contra-colonização, cunhado pelo intelectual quilombola Nego. Segundo Gomes dos Anjos, o termo é “bastante interessante, sugerindo que existem espaços e territórios indígenas e negros que nunca foram, de fato, colonizados”.

A Rede Veredas tem financiamento do programa Acelerando Negócios Digitais, do Meta Journalism Project, ICFJ e apoio da Ajor. 

(Assessoria de Imprensa)

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