A segunda onda da pesquisa Percepção Social sobre Direitos Humanos e sobre Mulheres Defensoras de Direitos Humanos foi realizada pelo Ipsos Brasil a pedido da ONU Mulheres entre 20 de dezembro de 2022 e 31 de janeiro de 2023.
Os objetivos da pesquisa são:
- Compreender a percepção da população brasileira sobre direitos humanos e desigualdade de gênero.
- Entender como a desigualdade de gênero estrutural reflete na percepção de direitos humanos.
- Conhecer a percepção a respeito das mulheres que defendem direitos humanos.
Assim como na primeira fase, conduzida no início de 2021, a segunda fase contou com 1.200 entrevistas feitas por telefone com homens e mulheres maiores de 18 anos nas cinco regiões do país e traz uma análise dos dados em comparação com a primeira onda.
O estudo integra o projeto Conectando Mulheres, Defendendo Direitos, financiado pela União Europeia e que contribui para que as mulheres, em toda a sua diversidade, defendam os seus direitos livres de violência e de intimidação.
Em 2023, a pesquisa identificou um discreto crescimento no conhecimento sobre direitos humanos quando comparado com os resultados de 2021:
- Os resultados chamam a atenção para um movimento progressivo de 7% para 8% na aquisição de conhecimento sobre os direitos humanos, com redução percentual de 19% para 16% de respondentes que declararam conhecer “nada ou quase nada” sobre direitos humanos.
Também se manteve elevado o percentual de pessoas que declararam ser favoráveis aos direitos humanos, com 87% das respostas favoráveis em 2023, confirmando os resultados de 2021. O fato de a favorabilidade aos direitos humanos crescer após a exposição das informações indica que a população está se tornando cada vez mais consciente sobre a importância dos direitos humanos.
A defesa da igualdade para todas as pessoas se mantém como o principal significado do que os respondentes entendem por direitos humanos, seja como manifestação espontânea ou estimulada:
- Em 2021, as respostas sobre o significado de direitos humanos se remetiam a uma ideia abstrata de igualdade de direitos para todas as pessoas (39%), além de fazer referência a direitos básicos como saúde (12%) e educação (11%).
- Já em 2023, os resultados apontam uma ampliação da compreensão sobre o significado de direitos humanos, com referências ao direito de ir e vir (18%), respeito aos direitos de todas as pessoas independente de raça ou classe social (41%), e direito à vida com 15% de respostas.
Outro ponto de destaque é que nas duas ondas prevaleceu a opinião de que “quem mais se beneficia com os direitos humanos são os bandidos”, mas em 2023 a pesquisa registrou diminuição de 5 pontos percentuais nesse posicionamento em comparação à onda anterior, com queda de 32% para 27%.
Houve também diminuição de 5 pontos percentuais na opinião de que as pessoas empobrecidas são aquelas que menos se beneficiam dos direitos humanos, de 40% para 35%. Ou seja, considerando que a associação entre direitos humanos e “proteção a bandidos” é negativa, parece haver uma convergência para uma compreensão mais positiva dos direitos humanos como voltados à proteção de quem necessita, como é o caso das pessoas mais pobres.
Em 2023, o percentual das pessoas que alegam que os direitos humanos protegem mais as vítimas (44%) supera os que afirmam que a defesa é maior de criminosos (38%). Para efeitos de comparação, em 2021, 50% das pessoas respondentes concordam que os direitos humanos defendem mais os bandidos.
Além disso, cresce a percepção da população de que os direitos humanos fortalecem a democracia brasileira. Esse índice passou de 60% para 65%. Já o índice de pessoas que refutam essa ideia registrou queda de 9 pontos e agora resulta em apenas 23%.
Fonte: Nações Unidas Brasil