Pequenas organizações enfrentam dificuldades na captação de recursos através de editais, revela pesquisa

O propósito do estudo é estimular uma reflexão sobre práticas de investimento social privado (ISP) mais inclusivas e equitativas

Uma pesquisa colaborativa conduzida pela Iniciativa PIPA em parceria com a Phomenta, intitulada “Pequenas ONGs e a captação via editais”, trouxe à tona os obstáculos enfrentados pelas organizações da sociedade civil (OSCs) no Brasil quando se trata de angariar recursos por meio de editais. O estudo destacou que o tamanho e a estrutura das OSCs têm um impacto direto na sua capacidade de captar recursos por meio de editais.

A pesquisa adotou uma abordagem quantitativo-qualitativa e coletou dados por meio de questionários online durante um período de 30 dias. Entrevistas detalhadas também foram conduzidas com alguns participantes selecionados para validar e esclarecer suas percepções. Dos 265 questionários válidos, 222 organizações foram consideradas no conjunto final.

Mais de 80% das OSCs de médio e grande porte (com mais de sete funcionários contratados) conseguiram obter recursos nos últimos dois anos, enquanto apenas 41% das OSCs classificadas como “nano” (sem funcionários contratados) alcançaram sucesso.

A pesquisa revelou que o sucesso na captação está relacionado ao investimento em recursos humanos e na remuneração dos profissionais responsáveis pela captação. Organizações que remuneram profissionais dedicados a essa função têm uma probabilidade ligeiramente maior de sucesso na obtenção de recursos por meio de editais.

Outro ponto importante destacado foi a relevância da formalização jurídica das OSCs para facilitar a captação de recursos por meio de editais. Coletivos ou projetos sociais que não possuem formalização jurídica enfrentaram mais desafios, enquanto organizações formalizadas tiveram maior sucesso e conseguiram captar montantes mais substanciais.

A pesquisa apontou também que as OSCs investem, em média, cerca de 12 horas por mês na tentativa de captar recursos por meio de editais, totalizando aproximadamente 120 horas por ano. Esse esforço ressalta a complexidade e os desafios associados à captação de recursos nesse formato.

De acordo com Suellen Moreira Fernandes, coordenadora do Grupo Temático de Captação com Empresas da ABCR, os resultados da pesquisa sugerem que as organizações podem não contar com especialistas dedicados aos editais, mas sim com pessoas da área fim da instituição que aproveitam oportunidades de acordo com os editais disponíveis.

“Ter alguém qualificado, que tenha habilidades de redação, compreenda estratégias de vendas, invista tempo em compreender o perfil da empresa financiadora e possua conhecimentos técnicos, administrativos e financeiros em ações e projetos, pode fazer uma grande diferença”, afirma Suellen.

Com base nos resultados, a pesquisa não busca apresentar soluções prontas, mas sim fomentar reflexões sobre o ISP brasileiro, especialmente no que diz respeito à criação de oportunidades mais equitativas, simplificação de processos e estratégias para tornar o financiamento mais acessível para coletivos ou projetos sociais não formalizados juridicamente.

Para Daiany França, líder de parcerias e novos negócios da Phomenta e membro da equipe responsável pela pesquisa, um primeiro passo para tornar os processos mais inclusivos é reconhecer que os editais representam um desafio maior para as organizações de menor porte.

“A partir dessa compreensão, é possível implementar medidas como a simplificação da documentação exigida, a oferta de treinamentos preparatórios e a alocação de uma parcela dos recursos disponíveis para os coletivos. Além disso, em algumas situações, os investidores sociais podem considerar a busca ativa por organizações em vez de lançar editais extensos e complexos”, afirma ela.

Para acessar a pesquisa completa, visite o Portal do Impacto: https://www.portaldoimpacto.com/conheca-os-principais-resultados-da-pesquisa-pequenas-ongs-e-a-captacao-via-editais

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