COP28 considera, pela primeira vez, os impactos da mudança climática na vida de crianças e adolescentes

Avanço ocorre após esforços do UNICEF com governos e organizações para priorizar direitos das crianças diante da crise climática

Pela primeira vez, uma Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP) considerou, em suas decisões, os impactos das mudanças climáticas na saúde e bem-estar de crianças e adolescentes – e propôs que um diálogo especializado sobre esse tema ocorra durante o processo oficial da conferência no próximo ano. Esse avanço acontece diante dos esforços de articulação com governos, iniciativa privada e sociedade civil promovidos pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e por ativistas de todo o mundo na COP28, encerrada nesta quarta-feira (13) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

O Objetivo Global de Adaptação, outro documento relevante produzido pelos negociadores em Dubai, também foi fortalecido para garantir a proteção de crianças e adolescentes contra riscos ambientais e climáticos, inclusive adotando metas sobre o acesso à água, à saúde e à nutrição e demandas sobre fortalecimento de serviços de proteção social e da educação ambiental.

“Um meio ambiente limpo, saudável e sustentável é um direito das crianças e dos adolescentes, e é essencial para que eles possam desfrutar de todos os seus outros direitos humanos, como educação, saúde e proteção contra a violência”, afirma Youssouf Abdel-Jelil, representante do UNICEF no Brasil. “Com isso em mente, o UNICEF participou ativamente da COP28 com o objetivo de influenciar países, empresas e organizações para que priorizem meninos e meninas em suas ações climáticas e os incluam nos processos de decisão”, diz.

O Brasil foi um dos países que apoiou os avanços conquistados na COP28. A convite do UNICEF, o País foi representado pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, no evento “De Mais Vulneráveis a Mais Valiosos: Posicionando os Direitos das Crianças e dos Adolescentes no Coração da Ação Climática”. Marina Silva destacou a responsabilidade dos países em considerar os direitos de meninos e meninas em sua resposta climática. “Nós já temos a maior parte das respostas técnicas para resolver os problemas que estão afetando as crianças, os jovens, os mais vulneráveis. O que falta é o compromisso político e o compromisso ético para enfrentar esses problemas”, afirmou a ministra.

Para contribuir para que as vozes de crianças, adolescentes e jovens – que são os menos responsáveis, mas os mais impactados pelas mudanças climáticas – liderassem o debate com diferentes setores, o UNICEF lançou durante a COP 28 a iniciativa Green Rising, e levou três jovens ativistas brasileiras para o evento.

O Green Rising é uma iniciativa global que busca criar oportunidades de ação ambiental para 10 milhões de crianças, adolescentes e jovens em todo o mundo, seja por meio de voluntariado e ativismo, seja a partir de educação ambiental e do incentivo à empregabilidade e ao empreendedorismo sustentáveis. Líderes de Estado e ministros de países, como o governador do Pará, Helder Barbalho, além de CEOs de empresas globais, participaram do lançamento e reiteraram seu compromisso com a iniciativa.

Em sua fala no lançamento, o governador do Pará explicou como o estado vai somar esforços para apoiar uma transição ecológica liderada pelos jovens, como no lançamento de uma ação inédita no País, para incluir um componente de educação ambiental no currículo escolar do estado. “É uma iniciativa que vai de acordo com a proposta da Green Rising, pois, a partir do Pará, também poderemos servir de referência para o Brasil e mundo na questão da educação ambiental”, disse ele, que será o anfitrião da COP 30.

Participando ativamente da COP, as três jovens brasileiras que estiveram no evento destacam a importância de dar palco às vozes de crianças e adolescentes nos principais fóruns que discutem a agenda climática global. Para Sofia do Rosário, jovem ativista de Belém (PA), a visibilidade de jovens de comunidades das áreas insulares e povos originários é particularmente relevante nesse contexto. “Há toda uma questão de vivência, de saberes ancestrais, de saúde e educação e como as mudanças climáticas afetam o dia a dia”, explica ela. “Por isso, eu espero que venham parcerias para criar maiores programas de oportunidades para jovens, as crianças e os adolescentes que vivem nessas áreas insulares”, afirmou ela.

Fonte: UNICEF

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