Era uma vez, uma cidade chamada Crato. Um dia, os alunos que lá moravam perceberam o quanto a história daquele lugar fazia parte de suas próprias vidas. Resolveram, então, escrever sobre a origem do seu nome, as etnias indígenas locais, o soldadinho do Araripe e música feita por Luiz Gonzaga em homenagem ao município.
Esses relatos foram parar no livro “Crato – A cidade da gente”, uma obra com 80 páginas que será lançada nesta terça-feira, dia 12, no Centro de Convenções do Cariri (av. Padre Cícero, 4.400), com direito à sessão de autógrafos dos próprios estudantes a partir das 9 horas.
Crato é um dos municípios escolhidos para ter sua história retratada por seus alunos dentro da coleção “A cidade da gente”, da editora Olhares. Ao todo, 36 cidades de norte a sul do país, já ganharam – ou estão perto de receber – um livro ilustrado sobre os seus patrimônios, feito em parceria com professores e estudantes das escolas públicas locais, que assinam como coautores das obras.
O processo da escrita deste livro começou com a seleção de alunos de quatro escolas da rede pública de Crato para pesquisarem sobre os patrimônios de sua cidade, seguindo um roteiro de temas sugeridos por seus gestores e professores.
Após dissertarem sobre esses assuntos, cada turma entregou o material para os escritores profissionais da Olhares, para então redigirem a narrativa final do livro. Para ler o livro, acesse: acidadedagente.com.br/livros/crato
Neste município, o livro contou com o apoio da Secretaria Municipal de Educação e o apoio da empresa Ambiental Crato e Instituto Aegea, por meio de Lei de Incentivo à Cultura. A iniciativa foi vencedora do prêmio Retratos da Leitura, do Instituto Pró-Livro, e chegou a ser finalista do Prêmio Jabuti neste ano.
Criado em 2015, o projeto “A cidade da gente” existe graças ao patrocínio de empresas interessadas em apoiar não apenas o trabalho de pesquisa dos alunos, como também promover a história da região onde atua, por meio de leis de incentivo à cultura.
“Essa atividade favorece a aprendizagem, pois trabalha com temas envolventes e de interesse direto para as crianças, fazendo com que elas conheçam e valorizem os patrimônios de suas cidades”, afirma Otávio Nazareth, editor da Olhares e coordenador do projeto. “Ao mesmo tempo, o projeto estimula a leitura e a produção textual já que os estudantes são os coautores da obra”, acrescenta ele.
Produzidos geralmente em pequenos e médios municípios, os livros têm de 1.700 a 2.600 exemplares doados para o uso didático nas escolas da rede pública de educação. O projeto também incentiva o pensamento crítico dos estudantes durante a produção autoral, como preconiza a Base Nacional Curricular Comum, do Ministério da Educação.
A escrita do livro costuma durar um ano letivo, num processo que se inicia pela explicação da metodologia para a comunidade escolar envolvida, seguido por reuniões virtuais periódicas, a presença da equipe em campo, a criação e edição dos textos e ilustrações, até chegar ao grande lançamento quando os alunos e escritores assinam juntos o livro.
Após a publicação, o projeto oferece ainda uma formação de professores para reunir ideias de uso do livro em diferentes disciplinas, estimulando o uso pelas turmas ano a ano, em temas diversos, por muitas gerações. Trazendo o ponto de vista das crianças, a coleção consegue perpetuar a memória das cidades abordadas, além de ampliar as noções de identidade e pertencimento dos estudantes sobre a cidade onde vivem.
Sobre a Editora Olhares – Com um catálogo heterogêneo, a editora Olhares trata de temas da cultura brasileira, em especial nos campos da arte, da história, da fotografia, da arquitetura e do design. Além de títulos relevantes nesses segmentos, a editora conquistou prêmios como o Jabuti, o Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira e o Retratos da Leitura.
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