“O aumento da cesta básica impacta diretamente na segurança alimentar das pessoas”, avalia Walter Belik, economista do Instituto Fome Zero, ao mencionar o cenário que o Brasil vem enfrentando no primeiro semestre de 2024. A alta na cesta básica tem alcançado patamares alarmantes. De acordo com levantamento mensal do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o grupo de alimentos ficou mais caro em 10 das 17 capitais no mês de março.
São Paulo é a capital brasileira com a cesta básica mais cara (R$ 813,26) acompanhada do Rio de Janeiro (R$ 812,25), Florianópolis (R$ 791,21) e Porto Alegre (R$ 777,43). No Nordeste, apesar de ter um dos menores valores médios (R$ 592,19), Recife alcançou a alta mais expressiva entre as capitais no período entre fevereiro e março, alcançando um aumento de 5,81%.
Além disso, entre janeiro e fevereiro a alta no preço dos alimentos foi mais que o dobro da inflação, cenário que tem impactado a vida dos brasileiros, principalmente dos mais pobres, fazendo da insegurança alimentar um risco constante. “Primeiro, é preciso reconhecer que a insegurança alimentar é resultado de questões econômicas e sociais estruturantes das desigualdades no Brasil e, portanto, qualquer mudança efetiva desse cenário só é alcançável com ações orientadas a este fim”, comenta Manu Justo, coordenadora de portfólio do Instituto Ibirapitanga.
Walter Belik considera urgente a adoção de medidas que mitiguem oscilações de preço ocasionadas por mudanças climáticas no Brasil. Um exemplo mencionado por ele, é a diversificação das áreas de produção, uma alternativa para o barateamento de alimentos como a batata, que em janeiro teve um aumento de mais de 30%.
“A diversificação de áreas está intimamente ligada à ideia de fomentar circuitos curtos de produção, para as áreas terem abastecimentos e sistemas de suprimento local.”
Para Manu Justo, este caminho pode ser melhor costurado com o apoio do investimento social privado. “Contribuindo com diferentes estratégias para garantir a implementação de políticas públicas com a aderência de estados e municípios às estratégias de segurança alimentar e nutricional”, aponta a coordenadora.
“Apoiar iniciativas que ampliem o conhecimento e a capacidade da gestão pública, que colaborem para o monitoramento e controle social das políticas pode alcançar resultados significativos de médio e longo prazo”, finaliza.
Fonte: GIFE