Em 2022, 84% dos brasileiros acima de 18 anos realizaram algum tipo de doação. Esse é o maior percentual registrado pela Pesquisa Doação Brasil, que teve sua terceira edição publicada na última quinta-feira (24) pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social.
Esse número inclui doação de dinheiro, de bens e de tempo ou na forma de trabalho voluntário. A doação de dinheiro é adotada por 48% da amostra. Já o número de doadores institucionais equivale a 36% dos respondentes.
A primeira edição da pesquisa foi realizada em 2015, naquele ano 77% dos respondentes declararam terem feito alguma doação, em 2020 esse percentual foi de 66%.
O CEO do Instituto Ipsos, Marcos Calliari, explica que o aumento nas doações pelos cidadãos comuns está diretamente ligado aos indicadores de confiança econômica. Em julho de 2023, 29% dos brasileiros declararam que a sua situação financeira está ruim, uma queda de 9% em relação ao mesmo período em 2022. Já 72% afirmam que em seis meses sua situação financeira estará melhor. Alguns fatores que ajudaram a promover esse otimismo estão relacionados a indicadores do primeiro semestre, como queda do dólar e crescimento do PIB.
“Esse índice carrega não só a confiança no consumo, mas o de pessoas como agentes sociais. A empatia tende a aumentar”, pontua.
O estudo do IDIS também indica uma retomada na prática do voluntariado, que caiu para 11% em 2020, devido ao isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19, e alcançou 26% em 2022.
As causas que receberam mais doações foram infâncias (46%), saúde (31%) e combate à fome (29%).
Outro destaque do estudo é a percepção da população em relação às ONGs. A confiabilidade caiu de 41% em 2020, para 31% em 2022. Para Paula Fabiani, CEO do IDIS, os ataques às ONGs presentes na última gestão federal podem ter influenciado.
As tecnologias de doação são um dos caminhos apontados pela consultora Renata Bourroul para reverter esse quadro. Ela explica que os avanços tecnológicos têm efeito tanto na facilidade operacional de doar, quanto na transparência das ONGs, devido à agilidade em divulgar suas ações, permitindo que os doadores acompanhem como foi usada sua doação.
De 2020 para 2022, o número de jovens que fizeram doação passou de 63% para 84%. Além disso, a percepção sobre ONGs e doação é mais positiva do que entre a população em geral.
“Ao olhar para geração Z eu fico muito entusiasmada. O fato de 62% dos doadores da Gen Z terem feito outras ações solidárias que não dinheiro significa que eles têm grande disposição. Também perguntamos se as doações foram feitas de forma espontânea ou mediante pedido, na população em geral 76% fez espontaneamente, na Gen Z sobe para 81%”, destaca Andrea Wolffenbuttel, consultora associada do IDIS.
Fonte: GIFE